Movimento em parques e trilhas da RMC dispara mesmo durante a pandemia e acende alerta

Reabertos no Paraná desde o dia 15 de agosto, os parques estaduais vivem dias de movimento intenso. No último final de semana, por exemplo, mais uma vez houve o registro de filas e aglomerações na entrada de trilhas e morros na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). Segundo a Federação Paranaense de Montanhismo (Fepam), a procura dos visitantes aumentou cerca de 40% em relação à antes da pandemia, mas algumas atrações viram as visitações crescerem até 60%.

De acordo com Márcio Hoepers, presidente da Fepam, o que acontece é que as pessoas ficaram muito tempo em casa, em respeito ao isolamento social, e assim que houve uma flexibilização nas medidas restritivas já aproveitaram para extravasar, provocando um ‘boom’ na procura.

O problema, contudo, é que os ‘novos aventureiros’ que estão aparecendo não possuem uma preparação ou conhecimento adequado para fazer essas atividades, o que pode acabar colocando em risco não só a eles próprios, mas também ao meio ambiente.

Recentemente, houve casos de resgate de pessoas por exaustão, focos de incêndio provocados por pessoas tentando acender fogueiras e também aumento no lixo que é deixado pelos visitantes, como papel higiênico.

“Acham que ir pro [Parque] Barigui é a mesma coisa que ir para uma montanha na Serra do Mar, mas é bem diferente. Tem um tipo de vestimenta para ir subir uma montanha, tem a questão de equipamentos, como uma mochila para a prática do montanhismo. Muitos não levam lanterna,acham que celular é lanterna, e depois precisa pedir socorro e não tem nem luz e nem comunicação. E também o preparo físico prévio, que para subir uma montanha leva no mínimo uma hora, tem que ter um preparo”, alerta Hoepers.

Aos que querem começar no esporte, o presidente da Fepam indica os três clubes de montanhismo no Paraná (Clube Paranaense de Montanhismo, Associação Montanhistas de Cristo e o Nas Nuvens Montanhismo) como um bom ponto departida. Além disso, na hora de se aventurar ao ar livre é sempre importante procurar ter na equipe alguém com mais experiência na prática e que também já conheça a região a ser visitada.

“Costumamos dizer que a pessoa tem de se preparar para a montanha, e não a montanha para a pessoa. É preciso ter conhecimento prévio, saber como agir”, diz Hoepers, apelando ainda para que as pessoas respeitem as medidas de prevenção ao coronavírus. “Ter consciência que a pandemia ainda está aí, o vírus não foi embora.

Se você puder evitar de ir [fazer trilha ou montanhismo], acho que é bom. Se quiser ir, siga os protocolos de saúde, distanciamento, uso da máscara, porque temos observado que muita gente não está respeitando essas medidas”, finaliza.

Restrições no acesso aos parques e unidades de conservação

Recentemente, medidas adotadas pelo Instituto Água e Terra (IAT) tentaram controlar o acesso aos parques eunidades de conservação duranteapandemia decoronavírus. No Morro do Anhangava, por exemplo, o limite estabelecido é de 200 pessoas. Na trilha do Caminho do Itupava, entre Curitiba e Morretes, são 350 pessoas por vez, no máximo. O uso de máscara é obrigatório, bem como de álcool em gel e medição da temperatura dos visitantes na entrada.

Se o acesso aos parques está liberado, por outro lado os acampamentos em parques e morros do estado seguem vedados. Ainda assim, já foram flagradas barracas montadas nesses lugares de conservação e até mesmo fogueiras, mesmo com a estiagem que o estado enfrenta e, consequentemente, o maior risco de incêndio.

Meio ambiente flagra atividades irregulares em unidades de conservação

O Instituto Água e Terra (IAT) e o Batalhão de Polícia Ambiental – Força Verde, fiscalizaram neste fim de semana (12 e 13) as Unidades de Conservação (UCs) estaduais. O IAT é vinculado à Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo (Sedest). Foram identificadas infrações por parte de visitantes nos morros do Capivari, Pão de Loth e no Pico Paraná, situados na Região Metropolitana de Curitiba.

Foram identificados um acampamento irregular, focos de incêndio na mata, e dois visitantes foram resgatados com ajuda de aeronave. Visitantes de outros Estados montaram um acampamento, mas que não tinham conhecimento sobre a proibição.

A Portaria nº 223/2020 do IAT, publicada no dia 15 de agosto, permite a visitação com restrições em Unidades de Conservação, fechadas no dia 17 de março devido à pandemia.

É proibido acampamentos, práticas esportivas coletivas e eventos dentro dos locais. Também é vetado o acendimento de fogueiras, a fim de evitar queimadas ilegais.

Multas

Após denúncia dos acampamentos, uma base de campana foi montada na base da montanha, à espera dos turistas acampados. Pelo menos três pessoas receberam autos de infração e multas por crime ambiental.

As multas são de R$ 1,5 mil e foram lavradas para quem agiu em desacordo com a Portaria IAT 223/2020. O valor da multa tem fundamento no artigo 70 da Lei Federal nº 9.605/98 e no artigo 90 do Decreto Federal nº 6.514/08. Os documentos dispõem que é crime realizar quaisquer atividades ou adotar conduta como acampar em desacordo com os objetivos da Unidade de Conservação.

De acordo com relatório da operação, alguns dos turistas que passaram a noite no Pico eram pessoas de fora do Estado e não tinham conhecimento sobre a irregularidade da atividade. Os viajantes foram orientados e notificados.

Um dos motivos pelos quais os acampamentos são proibidos é para evitar o aparecimento de fogueiras clandestinas. Mesmo após apagadas, elas continuam a gerar calor e ainda apresentam risco de iniciar incêndios.

No doming, um montanhista foi resgatado pela Polícia Ambiental no Pico Paraná. O aventureiro torceu o pé enquanto caminhava em uma trilha com um acompanhante. A equipe da aeronave também prestou socorros a outro montanhista acidentado no morro do Capivari.

Fonte: Bem Paraná